quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Manifesto Belorizontem

Belo Horizonte (Belorizontem) em 1942: Fernando Sabino, Hélio Pellegrino, Paulo Mendes Campos e Otto Lara Resende discutindo com Juscelino Kubitschek num café (o boteco da época). Helena Antipoff influenciando Sabino e Resende. Juscelino trazendo Guignard, nosso Picasso, Gauguin e Van Gogh num só. Carlos Drummond de Andrade no Rio, trabalhando com Gustavo Capanema no Ministério da Educação (ou será que foi antes? Será que se afastou com o Estado Novo? Assunto interessante a pesquisar). Getúlio entregou a educação e a cultura do país aos mineiros, como recompensa pelo apoio de Antônio Carlos à Revolução de 30. Muito sensato. Getúlio deve ter entregado também a indústria aos paulistas (apesar de 32). E fez Volta Redonda no Rio. Foi preciso JK para Minas ter sua siderúrgica (Usiminas, que Collor privatizou. A Veja, paulista, se alevantou contra os protestos dos mineiros – e eu caí). JK fez também Pampulha e Brasília – foi buscar Niemeyer, Portinari, Burle Marx, o que tinha de mais moderno. Nunca mais BH fez nada tão bom. A Usiminas fez Ipatinga, copiando Brasília, mas achou que country life não dá pé, que bom mesmo é Ouro Preto. Belo Horizonte é uma Brasília sessenta anos antes, cheia de neoclassicismos e estupidez. Todas as três cidades sem alma. Como é que JK, nosso político mais inteligente, nascido na barroca Diamantina, não percebeu que cidades modernistas são bonitas de ver e ruins de viver? Como é que não percebeu que os prédios de Niemeyer são esculturas inabitáveis? As relações de ontem, todos nomes mortos, o mundo hoje é das mediocridades. Por isso também Belorizontem. Niemeyer fez cem anos, agora pode morrer, é o que todos esperam, mas ele não morre!

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