segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Greve

No capitalismo, a propriedade dos meios de produção é privada e a apropriação da riqueza produzida, também. No entanto, a riqueza é produzida coletivamente, por todos que trabalham. Isso não aparece: não é dito nos discursos, não é visto socialmente. No dia-a-dia, é o dono (ou seu preposto) quem fala pela empresa, é o dono (ou seu preposto) quem decide, é o dono (ou seu preposto) quem dá as ordens. É o dono até quem decide vender ou fechar a empresa. A empresa é identificada com seu dono.

A greve é uma forma de os trabalhadores (coletivamente) mostrarem que sem eles, sem seu trabalho, não há riqueza, não há lucro, não há empresa. Na greve, os trabalhadores (unidos, é preciso que estejam unidos) mostram que apenas a propriedade nominal é do capitalista, a propriedade efetiva, aquela que produz as riquezas, é também dos trabalhadores, é de todos aqueles que são necessários para que a empresa funcione.

Há muito os trabalhadores aprenderam isso, há quase dois séculos, e esta é a origem dos sindicatos: a instituição que lembra os trabalhadores que eles são parte da empresa na qual trabalham, do segmento econômico no qual trabalham; os sindicatos são a instituição que mantém a memória dos trabalhadores e forja sua ideologia.

Nessa ideologia, a compreensão de que cada trabalhador depende dos outros, que a união faz a força, e a formação de um sentimento de solidariedade, são fundamentais. Por isso Marx supunha que os operários traziam em si o germe do socialismo, de uma sociedade coletivista.

Nenhum comentário: