Frequentemente penso que o melhor de tudo já foi feito. Frequentemente, quero apenas ler, ver, ouvir. Frequentemente descubro criações maravilhosas esquecidas numa estante de biblioteca, num sebo, numa locadora de vídeos, numa loja de discos. Enquanto isso consumimos porcarias "novas". Não é a arte que move essa produção de coisas novas, é a indústria, que precisa produzir sempre mais para ganhar dinheiro. Essa "arte" é lixo, essas criações "novas" já nascem para ser jogadas no lixo.
Gilberto Gil, um gênio da música brasileira, da música mundial, para ser preciso, passou quase uma década se dedicando à política, e nesse período fechou a porta da criação, como disse, porque as duas coisas não podiam conviver. Fez falta? Ele criou tanta coisa bonita antes, que nesse período a gente podia simplesmente ouvir novamente ou descobrir o que não tinha ouvido. No entanto, enquanto ele hibernava, a indústria da "música" nos impingiu dezenas, centenas, milhares de Gilbertos Gils de quinta categoria.
Na arte, como no resto da indústria, a humanidade – para ser claro: o capitalismo – produz hoje muito mais do que pode consumir, produz em excesso, produz coisa que vira lixo no momento seguinte e nem deveria ter sido consumida. O capitalismo produz população obesa, porque consome comida lixo em excesso, e insensível, porque consome arte lixo em excesso.
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