terça-feira, 28 de setembro de 2010

O que resta aos reacionários é fazer barulho

O Estadão assumiu que faz campanha para Serra. Meses atrás, a presidente da Associação Nacional de Jornais declarou que a imprensa assumiu o papel de oposição ao governo Lula "porque a oposição está profundamente fragilizada". Em campanha para tentar impedir que o presidente Lula faça sua sucessora, a chamada grande imprensa publica calúnias e fabrica escândalos. Um jornal, revista ou emissora lança a mentira e os demais a amplificam, tentando dar-lhe aparência de verdade, já que todos falam a mesma coisa.

O que estamos vendo é a radicalização de um setor empresarial antiquado, monopolizado por algumas famílias e políticos, beneficiado por concessões que remontam ao regime militar e que se tornou porta-voz dos grupos mais reacionários do país. Um setor que vê seu poder diminuir com a expansão da internet e ameaçado por mudanças no sistema de comunicações. Um setor ainda que perdeu o acesso direto ao poder, no governo Lula, e que vê definhar sua expressão nos poderes legislativo e executivo, eleição após eleição.

O que tem essa gente ainda? De forma desproporcional à sua importância econômica e à sua representação política, eles têm nas mãos a maior rede de televisão do país, muitas emissoras de rádio, os maiores jornais e revistas, as maiores editoras. O que lhes resta é gritar e espernear. O que lhes resta é fazer barulho.

É bom lembrar o que aconteceu na Venezuela em 2002. Essa gente conseguiu derrubar o presidente Hugo Chávez – e lá eles contaram com apoio de alguns militares –, mas sua vitória durou pouco: o barulho que fizeram não correspondia à sua força de fato. Quando a população que apoiava o presidente eleito, amplamente majoritária, se deu conta do que tinha acontecido, reagiu, pôs para correr os golpistas e recebeu Chávez de volta de braços abertos. O governo que tinha se formado, sorridente e fanfarrão, caiu como um castelo de cartas.

Aqui, teriam quem a apoiá-los? Militares, não, que se saiba. A classe média moralista? Seria esse seu exército, mas ele não teve até agora coragem de sair à rua. Os cabos eleitorais da direita vêm de outras classes, mais pobres, que recebem uns trocados para balançar bandeiras nos sinais de trânsito. A classe média moralista se limita a inocular seu veneno preconceituoso na internet, mas me parece que, na nova comunicação, ela é minoritária.

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