sábado, 23 de outubro de 2010

Um país militarizado

República proclamada por um general (monarquista!), o Brasil tem essa essa tradição de meter militares em tudo. Depois dos dois primeiros presidentes generais, os civis assumiram o poder durante quase quarenta anos, mas os militares continuaram promovendo levantes, até que chegaram ao poder novamente, com a Revolução de 30 e Getúlio Vargas. Curiosamente, os militares eram então progressistas, se chamamos assim aqueles que se preocupam com o todo – e não só com uma classe, como as oligarquias que governaram entre 1894 e 1930 –, com o país, com o povo. Em 1945, os militarem voltaram a depor o presidente, mas empossaram outro civil no poder; inaugurada nova ordem política, com constituinte e eleições periódicas, os militares passaram mais 18 anos promovendo levantes, até um novo golpe, em 1964. Desta vez, não entregaram o poder a civis, mas permaneceram nele durante 21 anos. Vivemos hoje, depois de nova devolução do governo aos civis, nova Constituição e sucessivos presidentes eleitos, um inusitado período histórico em que os militares abandonaram política e ideologia, para se limitarem às suas funções constitucionais. Na atual campanha eleitoral, houve uma tentativa de um dos lados em disputa politizarem novamente as forças armadas, mas tal atitude, aparentemente, não prosperou. Não obstante, a vida brasileira é muito mais militarizada do que deveria ser, a começar pela existência de polícias militares (!) em todas as unidades da Federação. Também a polícia civial tem um poder arbitrário impressionante. Passados 25 anos do fim da ditadura militar, as polícias continuam se comportando como inimigas da população, continuam tratando os cidadãos como se fossem inferiores e elas, uma casta superior, quando na verdade elas são servidores da sociedade, existem para prestar serviços (de segurança) e são remuneradas pelo imposto recolhido pelos cidadãos.

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