quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Palmeiras X Goiás, televisão e o poder no futebol

A gente pode ter vários motivos para gostar da eliminação do Palmeiras pelo Goiás, na Copa Sul-Americana, ontem no Pacaembu. O clube paulista eliminou o Galo, é o time do Serra. Alguns motivos são mais nobres: simpatia com os mais fracos, solidariedade com o rebaixamento do clube goiano para a série B, treinador desconhecido, jogadores que estão em baixa. O principal para mim é sempre o mesmo: a desigualdade de tratamento.

Clubes paulistas (e do Rio) contam com a simpatia da televisão e da imprensa, seus jogos são exibidos para o país inteiro, suas notícias são destaque. Eles movimentam muito dinheiro, contratam os jogadores e treinadores mais caros, têm torcedores famosos, são beneficiados pela arbitragem e pelas decisões dos mandões. A imprensa e a televisão brasileiras não são nacionais, são paulistas e cariocas, com alcance e domínio nacional.

Precisamos de comunicações efetivamente nacionais, em alcance, produção de conteúdos e decisões. Talvez não seja mais possível fazer isso com os meios impressos decadentes – o que as informações estão a exigir dos jornais e revistas é diversificação política e social. Quanto às televisões e rádios, porém, é óbvio que o Brasil precisa ampliar o alcance das suas televisões públicas.

Até recentemente, o exemplo era a TV Cultura de São Paulo. Agora, que o neoliberalismo tucano deteriorou a emissora, com cortes de despesas e ingerência política no conteúdo, e o governo Lula criou a TV Brasil, é esta a melhor referência do que pode ser uma televisão produzida com liberdade, criatividade, inteligência, equilibrio de conteúdos e regiões. Trata-se de um modelo que precisa ser expandido e diversificado, com emissoras estaduais e municipais, públicas e comunitárias.

Um campeonato de futebol transmitido pela televisão pública seria bem diferente do que é a transmissão feita por emissoras concentradas no Rio e em São Paulo. A TV Brasil transmitiu este ano o campeonato nacional da série C, se não me engano, mas não tive oportunidade de ver nenhum jogo. A iniciativa já indica a diferença, uma vez que se trata de um campeonato de clubes menores, pouco conhecidos no país, sem apelo comercial.

Mesmo sem ter simpatias especiais pelo Goiás (próximo adversário do Galo, tomara que escale o time reserva, ou que os titulares estejam com a cabeça na Sul-Americana; o Palmeiras foi nosso último adversário e fomos beneficiados pelos mesmos motivos), mesmo não tendo nada contra o Palmeiras (os adversários beneficiados em disputas contra o Atlético, nossos inimigos históricos, são Corinthians, Flamengo e São Paulo), é inevitável não sentir certo prazer em ver o poder paulista ser derrotado no seu próprio campo. Não pelo sofrimento da torcida palmeirense, que me pareceu cansada, derrotada. Nós, atleticanos, que passamos por aquela final entre Atlético e São Paulo, no Mineirão, em 1978, somos solidários aos torcedores que lotam o estádio para festejar e saem chorando.

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