1) Deus criou o universo;
2) Deus criou o homem;
3) Deus pôs o homem no paraíso, recomendando-lhe não comer nem da árvore do conhecimento do bem e do mal nem da árvore da vida;
4) Deus criou a mulher de uma costela do homem para lhe fazer companhia;
5) A serpente tentou a mulher e esta comeu da árvore do conhecimento e deu ao homem, que também comeu;
6) Descobriram que estavam nus e tiveram vergonha;
7) Sabendo pelo homem que o tinham desobedecido, Deus puniu a serpente a ser inimiga do homem (morder seu calcanhar e ser abatida a cacetada na cabeça), puniu a mulher a dar à luz em meio a dores e puniu o homem a trabalhar para sobreviver, até tornar à terra, da qual foi formado;
8) Para não comer também da árvore da vida, Deus os expulsou do paraíso (“Eis que o homem se tornou um de nós, conhecedor do bem e do mal; assim, para que não estenda a mão, e tome também da árvore da vida, e coma, e viva eternamente... E expulso o homem colocou querubins ao oriente do jardim do Éden, e o refulgir de uma espada que se revolvia, para guardar o caminho da árvore da vida.”)
Tudo isso é simbólico e misterioso: o homem trabalha e morre porque comeu da árvore do conhecimento. Foi expulso do paraíso para que não coma também da árvore da vida, pois se tornou “um de nós”. O jardim do Éden está protegido por querubins e “o refulgir de uma espada”. Isto é misterioso: quem ou o que serão os querubins? Onde está a árvore da vida? Onde é o jardim do Éden?
O que é possível interpretar, por suas conseqüências: a condição humana (o trabalho e a morte, as dores do parto e da gestação, a submissão da mulher ao homem, o mistério da vida) se deve a decisão divina. Deus nos deu (ao nosso ancestral Adão, primeiro pai) o paraíso, com a condição de não comermos dos frutos das árvores da vida e do conhecimento. Enquanto não conhecemos vivemos no paraíso, protegidos por Deus, ingênuos. Quando adquirimos o conhecimento, descobrimos nossa nudez (ignorância?), temos vergonha, nos escondemos. Somos punidos com a perda do paraíso, temos de trabalhar para sobreviver e morremos; a mulher deve obedecer ao homem e sofre para dar à luz.
Esta é uma forma de uma civilização se formar, se organizar. Um grupo de sábios escreve um livro de ensinamentos, de leis. Começa explicando a origem do universo criado por Deus e a origem divina do homem. O mais importante, porém, está na idéia de que o homem trabalha (sofre) por punição divina, bem como a mulher tem as dores do parto e obedece ao homem. Temos o conhecimento do bem e do mal, adquirido ao comer da árvore do conhecimento. Ao mesmo tempo, o mistério da vida nos é vedado, pois fomos expulsos do paraíso para não comer da árvore da vida. Uma e outra foram proibidas por Deus, mas o homem comeu da árvore do conhecimento. Assim ficou no meio do caminho, não tem acesso ao mistério da vida, mas tem o conhecimento. Onde está o conhecimento? Na lei, nas escrituras, na bíblia.
Enfim, trata-se de uma explicação (que funda uma civilização, a judaico-cristã) para o mistério da existência humana: o conhecimento é um sofrimento que adquirimos desobedecendo a Deus, assim como a morte. Não temos o dom da vida eterna porque fomos expulsos do paraíso. E a árvore da vida está guardada por querubins e uma espada refulgente.
O Gênesis trata de um tema que permanece atual, que foi sempre atual, desde que o homem pensa: nossa origem. Dá soluções a ele: o primeiro homem foi criado por Deus e punido por desobediência. A desobediência veio pela mão da mulher, que foi criada da sua costela para lhe fazer companhia. Vivíamos no paraíso e a punição foi a condição humana. A condição humana é o trabalho, no caso do homem, e as dores do parto, no caso da mulher; da morte, no caso de ambos. Acresce a isso, o conhecimento, o pensar, a angústia de tentar entender o universo, que veio do fato de Adão e Eva comerem o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Tudo isso conduz às próprias escrituras, que nos dizem como agir, o que é certo e o que é errado, que são obscuras e exigem interpretação de sábios (os religiosos).
O Gênesis contém um grande mistério: o acesso à árvore da vida nos foi vedado e está protegido por querubins e uma espada refulgente. Que significam estes símbolos? Por que essa proibição?
O Gênesis contém um grande mistério: o acesso à árvore da vida nos foi vedado e está protegido por querubins e uma espada refulgente. Que significam estes símbolos? Por que essa proibição?
Nenhum comentário:
Postar um comentário