quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A rã no caldeirão. Sobrevivendo

Marx tornou consciente o que já se percebia, desde a Revolução Francesa, e que hoje todos sabemos, ainda que tentemos ignorar. A luta de classes move a história, os proprietários dominam o mundo, o capital manda na economia e na política. O resto, o povo, os que só têm seu trabalho, se ajustam a esse mundo, se viram como podem. A iniciativa individual tem seu valor, não quero tirar o mérito de quem foi criando as maravilhas desse mundo capitalista, mas a força do capital é superior.

O mundo precisa também ter desigualdade? Miséria? O trabalhador precisa ser explorado? O comum precisa ser oprimido, só porque não nasceu rico? Então o capitalista não precisa dos outros para fazer as riquezas do mundo? O capital multiplica sozinho? Só o que Deus pôs no mundo brota sozinho, o que é do homem precisa de esforço. Violência? Guerra? Se o povo decidisse ia querer se matar ou folgar? Ia querer armas ou escolas?

Não tenho nada contra o empreendedorismo, mas o dono precisa dividir a riqueza com aqueles que ajudaram a produzi-la. Tão somente isso. E a criança que nasce não deve ter seu destino traçado só porque seu pai é trabalhador, não é proprietário. Escola pública de qualidade para todos, isso é uma lei que a sociedade deve seguir: todas as crianças e jovens devem ter acesso à mesma educação, com a melhor ciência de ensino, os melhores educadores, os melhores equipamentos e instalações. Que as vantagens nos distingam, ao longo da vida, não as desvantagens. Que a igualdade nos diferencie, não a desigualdade. Conhecimento para todos. Sáude pública igual para todos, transporte coletivo de qualidade, espaços públicos, praças e parques, áreas de lazer e esporte acessíveis a todos. É preciso mais? Não muito, com isso a vida humana já seria bem melhor.

Direitos iguais e instituições que garantam direitos iguais. Democracia, participação de todos nas decisões. Precisamos de representantes? Às vezes sim, às vezes não. A democracia não pode ser o governo dos representantes, a democracia é o governo do povo, pelo povo, para o povo, já disse alguém, com sabedoria. O representante tem que ser um igual, não um privilegiado, não um que ganha mordomias, não um comprado pelo rico. O representante tem que ser um igual e continuar um igual. E para muita coisa não precisa de representante, o principal não pode ser decidido por representantes em conchavos.

Tão somente isso. É difícil? Pode até ser um pouco, no começo. Não é pela impossibilidade das alegrias que a maldade reina. É assim porque os ricos não deixam, porque os ricos são os poderosos, porque no capitalismo todo o poder emana do dinheiro, não do povo, porque o capital quer continuar determinando os rumos do mundo, com desigualdade, com miséria, com exploração, com opressão, com corrupção, com violência, com guerras, com mortes. É assim porque os poucos querem ficar com tudo que é bom. Todos sabemos disso, todos sabemos como deve ser, mas vamos levando a vida fingindo não saber, fingindo que não é com a gente, torcendo para que o bem prevaleça, rezando para que Deus nos ajude, fazendo a nossa parte, tirando pequenas vantagens, salvando a própria pele, sobrevivendo.

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